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EXCLUSIVO, NOVELA FINA ESTAMPA DA GLOBO, MULHERES O SEXO FORTE

Sunday, August 21, 2011

Revista Veja
As primeiras cenas divulgadas de Fina Estampa, novela que estreia nesta segunda na faixa das nove da Globo, mostram a atriz Lília Cabral enfiada num macacão cinza, de ferramentas em punho.Sua  personagem é Griselda, ou Pereirão, uma faz-tudo que resolve problemas domésticos alheios. Problemas como desentupir o encanamento e consertar eletrodomésticos, bem entendido, embora ela também seja descrita como "marido de aluguel". Griselda é a principal representante de um significativo contingente criado por Aguinaldo Silva, o das mulheres-alfa, que ocupam espaços antes considerados exclusivamente masculinos e ilustram na TV uma mudança em curso no jogo de forças entre homens e mulheres.

O tema, que vai pautar debates em 2012 quando Silvio de Abreu levar ao ar a nova versão de Guerra dos Sexos, refeita sob a luz dessas mudanças sociais, é antecipado pela grande presença de mulheres em situação de poder. Além do marido-de-aluguel que sustenta a família,Fina Estampa terá uma taxista, que com toda a feminilidade chamará de “filho” o carro herdado do finado marido, e uma personagem de fibra inspirada na escritora lésbica Gertrude Stein. O papel de tia Íris caberá a Eva Wilma, que terá ao seu lado uma amiga inseparável e igualmente forte, Alice (Thaís de Campos), baseada na companheira de Gertrude, que tinha esse nome.

“As mulheres vêm conquistando espaço cada vez maior na sociedade e pretendo tornar isso mais visível”, diz Aguinaldo Silva. De fato, o avanço feminino no mercado de trabalho, que se fez notar entre as décadas de 1970 e 1980, ganhou traços mais agudos nos últimos tempos, quando o achatamento da classe média e alterações na legislação trabalhista propiciaram uma maior inserção da mulher no mercado. Assim como uma transformação de mentalidade que põe em xeque a divisão de terreno entre os gêneros. 

Histórico – Há quarenta anos, havia leis que, sob o pretexto da proteção, proibiam mulheres de trabalhar à noite e de fazer horas extras. Mas algo começava a mudar na cultura do país, e especialmente no bolso dos homens, e colocava em andamento um processo que se estende até os dias de hoje, quando ainda se burilam conquistas nas esferas legal e cultural. Uma das mais importantes alterações jurídicas em favor da mulher ocorreu em 1988, com a nova Constituição, que tornava crime a discriminação de trabalhadores por sexo ou cor. Mas foi só em 2001, por exemplo, que se deu a revogação da restrição às horas extras femininas, que por sua vez engendraria outras modificações nas relações entre homens e mulheres.

As novelas indicavam aqui e ali as transformações que se anunciavam, com personagens femininas fortes espaçadas entre si (confira lista abaixo). E não aglutinadas numa única trama como as mulheres-alfa de Aguinaldo Silva. A partir desta segunda, figuras históricas, como a Júlia Matos de Sônia Braga em Dancin’ Days (1979) e a empresária Maria do Carmo (Regina Duarte) de Rainha da Sucata (1990), terão a companhia, no rol das personagens emancipadas, de Griselda, Vilma e Tia Íris. 



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